quinta-feira, 3 de abril de 2014

Resenha: MAUS - Art Spiegelman

Sou fã de histórias contadas através de quadrinhos. Muitas pessoas podem associar esse tipo de leitura ao universo infantil, mas temos diversos artistas que optaram por essa técnica para contar histórias reais e para públicos de todas as idades.

Nos últimos tempos li MAUS. Acredito que tenha sido a obra de arte mais fodástica (roteiro, texto e desenhos incríveis) que eu já tive acesso. Por ter gostado muito (muito mesmo) da história contada e desenhada por Art Spiegelman, venho aqui compartilhar com vocês minhas impressões.


Resumo:

Contada e ilustrada por Art Spiegelman, fala do relacionamento complicado do autor com seu pai, Vladek Spiegelman, judeu que vivia com sua família na Polônia, e que sobreviveu aos campos de concentração nazistas e a toda forma de violência vinda dos alemães que tentavam anexar o território polonês e instaurar uma supremacia ariana nas décadas de 1930-40. 

Algumas curiosidades:

Em Maus aparecem apenas animais. Os judeus foram representados como ratos (em alemão: maus), poloneses como porcos, alemães como gatos, americanos como cachorros e franceses como sapos.



Na história, os personagens principais são o próprio autor (Art Spiegelman) e seu pai (Vladek Spiegelman). Art ilustra as entrevistas feitas para levantamento de dados e através dos relatos de seu pai consegue nos transportar para o final da década de 30 e meados da década de 40, e dessa maneira nos revela como alguns judeus conseguiram sobreviver à verdadeira caçada iniciada durante a 2ª Guerra Mundial, onde perderam suas casas, riquezas, empregos, familiares, dignidade, saúde, e em muitos casos, a vida.



Na minha opinião o autor foi muito sincero ao contar a história de sua família. Ele poderia ter enfeitado-a bastante, rotulando seus pais como heróis que conseguiram sobreviver aos campos de concentração nazistas. Porém algumas contradições surgem, como por exemplo, sua mãe cometer suicídio e seu pai, apesar de tudo que passou como prisioneiro, ser um completo mão-de-vaca e (por mais que pareça absurdo) racista. 

Em alguns momentos o autor expõe suas dúvidas em relação ao processo criativo do livro. Ele revela que, entre a publicação do primeiro e segundo volumes, seu pai faleceu e a repercussão do primeiro volume o fez sentir pressionado pela mídia. Enxergo com bons olhos esse tipo de abertura, pois mostra que todos passam por momentos de crise e que somos capazes de supera-los.


No meio da história surge um quadrinho antigo onde Art relata a morte de sua mãe (também sobrevivente de Auschwitz, que se suicidou sem explicação lógica que eu tenha conseguido perceber), e revela ter ficado internado em um hospital psiquiátrico. Fiquei cabreira. O desenho muda nesse trecho, e ao mostrar fotos da família e muitas particularidades, ele cutucou feridas que ficaram eternizadas após a publicação do livro. Muito corajoso.


No livro há diversas informações sobre os esconderijos construídos pelos judeus, trajetos feitos pelos prisioneiros, organização dos campos de concentração em Auschwitz, cupons de alimentação... informações que os livros tradicionais não conseguem revelar com tanta clareza.







MAUS é um ótimo professor de História e Geografia e vale a pena ler para conhecer um pouco mais sobre o holocausto e sobre o nazismo.

Aqui em casa temos alguns outros títulos que, assim como MAUS, não foram escritos exclusivamente para crianças... dá para perceber que realmente curtimos histórias em quadrinhos, né?



E vocês? Também gostam de histórias em quadrinhos?


Enquanto criança eu tinha uma mini coleção de gibis da Turma da Mônica... algumas coisas não mudam ;)

Beijos!

Curta Hasta la Ju no Facebook 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita! =)